Meu
amigo Aluísio publicou em sua página pessoal de uma rede social, fotos de um
passeio que fez pela manhã deste domingo no centro de São Paulo. Em seu
registro fotográfico encontram-se fotos do Memorial da Resistência, instalado
no antigo prédio do DEOPS-SP (Departamento Estadual de Ordem e Política
Social/SP, usado intensamente como instrumento de repressão da ditadura militar
instaurada em 64, criado em 1924 e extinto em 1983).
Cidadão consciente e consequente que é este meu amigo, identifica as
fotos com o objetivo de esclarecer a seus interlocutores da rede social o que
aquele local representa na história do Brasil. Vendo estas fotos, me veio na
memória uma passagem vivida por mim neste antigo prédio que se localiza nas
imediações da Estação da Luz, em São Paulo. Não tive o dissabor de sofrer
diretamente as violentas agressões da ditadura, como muitos tiveram. A minha
passagem pelo DEOPS foi por outra razão, mas não deixou de provocar em mim uma
sensação desagradável. No ano de 1982 estive neste prédio para tirar meu
primeiro passaporte e autorização para viajar para fora do país. Ainda se
respirava lá dentro um ar denso e sufocante... o clima de repressão exarado no
ar, intensificado pelas paredes escuras no interior do prédio (é assim que me
lembro do local) e pelo trato autoritário costumeiro dos funcionários,
provocava nos cidadão e cidadãs ali presentes uma sensação de medo e insegurança.
Ao ver um casal se beijando - ressalte-se, comportadamente - um funcionário
lhes aplicou publicamente um sonora e estérica bronca na "defesa da
moralidade"! Vivíamos ainda sob o Governo Militar de Figueiredo (1979 à
1985), o último desta era. Iniciava-se um período de transição que teria seu
ápice com o Movimento das Diretas Jà e seria coroado com a sucessão do Governo
militar por um Governo civil, não obstante tenha este ficado nas mãos de
Sarney, por um "golpe do destino". Fico pensando: se o clima neste
período (1982) era assim, imagine antes, em 1964... em 1969... em 1973, enfim
nas duas décadas de repressão. Foi um período triste na história do Brasil e de
muitos brasileiros e estrangeiros aqui residentes. Meus pais viveram
intensamente este período. Resistiram e sobreviveram aos trancos e barrancos
para ajudar garantir às gerações futuras, a memória destes
tempos ruins e as conquistas para superá-los , para que eles jamais se repitam.
Com estas memórias, saúdo a todos que lutaram de um jeito ou de outro e
resistiram à repressão, a ditadura e que hoje continuam lutando pessoalmente ou
através das atuais gerações por um mundo de respeito, de solidariedade, de
igualdade, enfim, de paz para todos
Sugestão de site para conhecer mais:
http://www.memorialdaresistenciasp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8&Itemid=14
Sugestão de site para conhecer mais:
http://www.memorialdaresistenciasp.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8&Itemid=14
Caro Amigo Victor Hugo, obrigado por nos passar essas informações e suas sensações quando lá esteve em 1982. Nada mais autêntico que palavras de quem sentiu pessoalmente aquele clima, ainda de tensão e intensa vigia. Valeu por todo o aprendizado que nos transmite, seja desta publicação, seja de nossa convivência nestes últimos 6 anos. Forte abraço. Aluísio
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