terça-feira, 27 de julho de 2010

A Liberdade guiando o Povo!

La Liberté guidant le peuple,  Eugène Delacroix, 1830
Óleo sobre tela - 260 × 325 cm - Museu do Louvre, Paris.
A arte sem dúvida retrata a vida, a história e os sentimentos dos seres humanos. A cena de La Liberté guidant le peuple, magnificamente traçada há 180 anos pelos pincéis regidos pelas mãos de Eugene Delacroix, representa a euforia da vitória após o levante revolucionário ocorrido em Paris nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830, também conhecido como “le trois glorieuses”. Motivado pelos movimentos liberais e republicanos, o povo francês combateu o absolutismo monarquico instalado na época. Os interesses comuns do proletariado urbano e da pequena burguesia resultaram na Revolução de 1830 que culminou na abdicação do Rei Carlos X da França, ultimo rei da Casa de Bourbon e marcou o fim do período da Restauração Francesa iniciada em 1814 e compreendida como um movimento de contra-revolução marcado pelo retorno da monarquia ao poder em resposta às mudanças instaladas pela Revolução Francesa de 1789. No lugar do antigo rei absolutista, porém, a alta burgesia ligada ao capital financeiro, ou seja, os banqueiros, estrategicamente fez coroar o monarca constitucional e liberal, primo de seu antecessor, Luís Filipe de Orleans, chamado então de “Rei Burgues”. Assim, apesar do avanço histórico, não foi desta vez que a Liberdade conduziu de fato o povo francês ao poder. Tiveram que esperar até 1848 quando outra revolução instalou a II República da França. O episódio retratado na tela de Delacroix, especialmente seus desdobramentos, também pode ser observado no contexto do livro “Os Miseraveis”, de Victor Hugo. Ambas as expresões artisticas, não obstante os percalços da história, trazem, sobretudo, a esperança por um Mundo de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde nada mais reine absoluto senão o sentimento de humanidade e seu pleno exercício.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A busca pela felicidade...

Escultura de Antônio Canova (1757-1822)
Museu do Louvre, Paris.
Não estava exatamente pensando no tema, mas talvez somente sentido... Ai me deparei com o poema EROS E PSIQUE, de Fernando Pessoa, e me veio a mente que a busca pela felicidade é algo que motiva a vida das pessoas, consciente ou inconscientemente. É uma busca pelo sentir-se bem, pelo equilíbrio entre seus sentimentos e sua consciência, pelo prazer de viver. A busca pela felicidade passa, certamelmente, pela tomada de consciência da imperfeição dos seres humanos (incluída ai nossa própria imperfeição e daqueles que estão próximos a nós, de que geralmente nos esquecemos). Passa pela tomada de consciência de quem e o que realmente somos. Passa pelo encontro consigo mesmo, que muitas vezes resistimos e evitamos. Talvez seja isto que Pessoa quis dizer em seu poema... ou não. Bem, sugiro que o leiam e que sintam e pensem a respeito... e que sejam felizes!

EROS E PSIQUE

Fernando Pessoa, 1934.

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

20 de julho de 1969: “A águia pousou!”

Nasci em 1965. Cem anos antes, Julio Verne escreveu a saga de tres astronautas rumo à Lua. De la Terre a la Lune conta a história da personagem Michel Ardan, aventureiro francês, que propõe o lançamento de um projétil tripulado rumo à Lua. A proposta lunática seduz dois membros do Gun Club que aceitam o desfio. Os três constroem uma grande cápsula e um enorme canhão balistico para arremessá-la ao espaço. E assim os três aventureiros partem na missão de viajar até a Lua. Não é dessa vez que os impetuosos astronautas aterrisam no satélite natual da Terra, mas a ficção impressiona e encanta e, provavelmente nas décadas que se seguiram, incendiou as mentes brilhantes dos “lunáticos” do mundo inteiro. Em 12 de abril de 1962, o astronauta russo Yuri Gagarin fez o primeiro vôo tripulado por um ser humano ao redor da órbita da Terra. No Natal de 1968, a Apollo 8, nave americana, tripulada por três astronautas, Frank Borman, James Lowell e William Anders, realizou a aventura imaginada por Verne mais de um século antes, circundando a Lua e voltando à Terra. Enfim, em 20 de julho de 1969, há exatos 41 anos, 104 anos depois da aventura de Verne, os astronautas americanos Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins, tripulando a Apollo 11, chegaram à Lua. Para garantir o retorno à Terra, Collins, piloto do Módulo de Comando, manteve-se estrategicamente em órbita há cerca de 100 quilometros do satélite natural. Enquanto isso, o Módulo Lunar “Eagle” pilotado por Aldrin aterriza na Lua. “Buzz” comunica a Houston: “a águia pousou!” O comandante Armstrong é o primeiro a descer ao solo. A declaração bem ensaiada e cheia de ansiedade: “um pequeno passo para um homem mas um grande passo para a humanidade!”. E neste exato momento eu, com apenas 4 anos de idade, estava em frente a casa de minha tia em São Paulo, junto com meu pai, olhando para o céu. Um morador da vila onde minha tia morava, armou seu pequeno telescópio sobre uma mesa no meio da rua e chamava empolgado a todos para que vissemos o homem descendo na Lua. Eu bem que tentei, por uma ou duas vezes, mas fiquei frustrado pois não conseguia ver nada. Lembro-me que dizia ao meu pai: “não vejo nada, não estou vendo nada!”. Bem que ele tentou me consolar e explicar que com aquele equipamento era impossível ver alguma coisa. De qualquer forma foi emocionante saber que eu estava ali, olhando pra Lua e lá os dois astronautas passeavam sobre ela, pelo Mar da Tranqulidade. Eu estava lá, testemunha da história, imaginando tudo o que podia estar se passando tal qual fez um dia Julio Verne. E você, por onde andava quando “a águia pousou” ?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

O dia em que encontrei Nelson Mandela.

Foi no dia 19 de junho de 1990, em Montreal, no Canadá. Há 20 anos. Passando em frente do Hotel de Ville, deparei-me com uma multidão de pessoas que aguardava pela chegada de Nelson Mandela, que naquele dia visitava a cidade e seria recepcionado na Prefeitura local, bem como falaria aos cidadãos em um palco montado na parte detrás do prédio. Esta seria uma de suas primeiras manifestações públicas internacionais após ser libertado do cárcere em 11 de fevereiro daquele ano, após 27 anos como preso político, seguindo sua trajetória na luta pelos direitos humanos fundamentais, com destaque ao fim da segregação racial. Para mim foi uma grata satisfação estar ali, naquele lugar e naquele momento. Na movimentação das pessoas que esperavam ansiosas, a demora proporcionou que eu chegasse cada vez mais perto do cordão que delimitava o acesso das pessoas. Postei-me, então, de frente à entrada da Prefeitura, do outro lado da rua e esperei. Pouco tempo depois, um carro preto com capota de couro, tipo do nosso antigo Galaxi, parou bem na minha frente, e desceram, do meu lado, Winnie Mandela e, do outro lado, Nelson Mandela. Eu estava a menos de 5 metros dele. A emoção tomou conta de mim e das pessoas ao meu redor que o aclamavam e aplaudiam. Abanei-lhe a mão descomprometidamente e, com sua simpatia impar, acenou em minha direção, logicamente para todos que ali estavam. Neste momento, saquei a Zenit 12 XS que carregava no pescoço e disparei o obturador varias vezes. Quero dizer, tirei sucessivas fotografias. Registrei, então, um momento impar em minha vida, para lembrar com carinho desta viagem e do dia em que encontrei Nelson Mandela.

domingo, 18 de julho de 2010

18 de Julho: Dia de Mandela.

Mandela Day é uma celebração internacional para honrar a vida e o legado humanitário de Nelson Mandela, baseado em valores como o da democracia, da igualdade, da reconciliação, da diversidade, do respeito, da responsabilidade,  e da liberdade.

É um movimento global, de iniciativa da  Fundação Nelson Mandela (Nelson Mandela Foudation: http://www.nelsonmandela.org/) e da “Campanha 46664” (http://www.46664.com/) , que objetiva chamar as pessoas de todos os lugares para que assumam a responsabilidade de fazer do Mundo um lugar melhor, cada um reconhecendo suas habilidades pessoais e agindo e transformando, um passo de cada vez.

Nelson Mandela, nasceu em 18 de julho de 1918, pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, na região do Transkei, Africa do Sul. Formou em Direito pela Universidade da Africa do Sul, em Johanesburgo, e desde jovem lutou contra o regime de segregação racial, conhecido como “aparthaid”. Em decorrência de sua luta, foi preso em agosto de 1962, condenado inicialmente por 5 anos e posteriormente à prisão perpétua. Ficou no cárcere por 27 anos, tendo sido libertado em fevereiro de 1990 por força de movimentos nacionais e internacionais. O ganhador do Nobel da Paz em 1993 foi eleito presidente do Congresso Nacional Africano, partido político ao qual pertencia desde 1942, e posteriormente foi eleito Presidente da República Sulafricana em 1994, para um mandado de 5 anos.

No anos de 2008, durante a comemoração pública do seu 90ª aniversário, em Londres, Mandela declarou: “é hora das próximas gerações continuarem nossa luta contra a injustiça social e pelos direitos da humanidade”. Assim, no ano seguinte, Nova Iorque sediou o primeiro Mandela Day. Este ano, o centro das atividades acontece em Madrid, mas as ações por um Mundo melhor ocorrem simultaneamente em todos os lugares do Planeta em que houverem pessoas conscientes e comprometidas com a humanidade.

Participe!
Faça do Mundo um lugar melhor para todos!