La Liberté guidant le peuple, Eugène Delacroix, 1830 Óleo sobre tela - 260 × 325 cm - Museu do Louvre, Paris. |
A arte sem dúvida retrata a vida, a história e os sentimentos dos seres humanos. A cena de La Liberté guidant le peuple, magnificamente traçada há 180 anos pelos pincéis regidos pelas mãos de Eugene Delacroix, representa a euforia da vitória após o levante revolucionário ocorrido em Paris nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830, também conhecido como “le trois glorieuses”. Motivado pelos movimentos liberais e republicanos, o povo francês combateu o absolutismo monarquico instalado na época. Os interesses comuns do proletariado urbano e da pequena burguesia resultaram na Revolução de 1830 que culminou na abdicação do Rei Carlos X da França, ultimo rei da Casa de Bourbon e marcou o fim do período da Restauração Francesa iniciada em 1814 e compreendida como um movimento de contra-revolução marcado pelo retorno da monarquia ao poder em resposta às mudanças instaladas pela Revolução Francesa de 1789. No lugar do antigo rei absolutista, porém, a alta burgesia ligada ao capital financeiro, ou seja, os banqueiros, estrategicamente fez coroar o monarca constitucional e liberal, primo de seu antecessor, Luís Filipe de Orleans, chamado então de “Rei Burgues”. Assim, apesar do avanço histórico, não foi desta vez que a Liberdade conduziu de fato o povo francês ao poder. Tiveram que esperar até 1848 quando outra revolução instalou a II República da França. O episódio retratado na tela de Delacroix, especialmente seus desdobramentos, também pode ser observado no contexto do livro “Os Miseraveis”, de Victor Hugo. Ambas as expresões artisticas, não obstante os percalços da história, trazem, sobretudo, a esperança por um Mundo de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde nada mais reine absoluto senão o sentimento de humanidade e seu pleno exercício.