A Defensoria
Pública do Estado de São Paulo foi criada por Lei Complementar Estadual na data
de 9 de janeiro de 2006. Desde então se iniciaram hercúleos trabalhos para sua efetiva
construção. Pois bem, nos últimos seis anos, eu fui Coordenador da Regional de
Ribeirão Preto, com a missão de assentar as bases da Instituição nesta cidade e
Região. Muita coisa foi realizada, das mais difíceis às mais fáceis, das mais
complexas às mais simples, sempre com muita garra e dedicação. Sempre primando
pela transparência, pela valorização de cada uma das pessoas que conosco
trabalharam e pela participação democrática de todos nos processos de decisão.
Tudo isto, apesar do intenso estresse, com muita espiritualidade. Um exemplo disso, que parece uma bobagem, mas é
significativo na sua simplicidade, foi a história do “será que estou falando
grego?”. Em um determinado momento, os Defensores pleitearam a instalação de uma
divisória, com uma porta, separando o corredor do primeiro andar, que dava
acesso as suas salas de trabalho, pois muitos “estranhos” desavisados, que
circulavam pelo prédio público, acabavam por adentrar nas salas interrompendo
frequentemente o trabalho dos Defensores e estagiários e, em tese, colocando em
risco a segurança destes e dos processos e documentos que ali estavam sendo
manuseados ou guardados. Pois bem, a divisória foi colocada, com a devida porta
de acesso, que passou, então, a ficar constantemente aberta devido ao fluxo de
Defensores, estagiários e demais funcionários administrativos, o que não fazia
qualquer sentido considerando o motivo pelo qual ela foi instalada. A porta
aberta continuou permitindo, embora de forma reduzida, a entrada de qualquer
pessoa que circulasse pelo prédio. Como Coordenador fiz, então, inúmeros
pedidos verbais, por escrito, pessoais, coletivos, e nada da bendita porta
permanecer fechada. Então parei e pensei: “estou falando grego?!”... não, estou
falando português! ... Então é aí que está o problema! Pesquisei na internet um tradutor de português para
grego e redigi a seguinte frase: “Favor manter a porta fechada. Muito obrigado”.
Imprimi e coloquei um cartaz em cada lado da porta. Sentei-me no hall de entrada e passei a observar.
Cada um que passava, olhava o cartaz e nada entendia. Olhava mais atentamente e
no rodapé da página estava a tradução, em letras bem pequenas. As pessoas riam,
passavam e fechavam a porta. A partir daí, uma foi mostrando para a outra e
então, depois de algum tempo, a porta passou a permanecer fechada e a
circulação de pessoas estranhas definitivamente parou de ocorrer. Pois então,
quando você estiver falando português e as pessoas não te ouvirem, busque
inspiração na história antiga, tome uma decisão
filósofo-democrática. Falando grego, todo mundo se entende!
P.S. Tradutor usado: http://webtranslation.paralink.com/translator/default.asp