Nos últimos 9 anos, quando falamos ou pensamos em 11 de setembro, terríveis lembranças e imagens impressionantes vêm às nossas cabeças. Lembramos da manhã do ano de 2001 quando duas aeronaves da aviação civil, repletas de passageiros, colidiram com as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, em um ataque suicida atribuído à organização fundamentalista Al-Qaeda. Milhares de pessoas morreram e outras tantas mil ficaram feridas naquele que foi considerado o maior atentado terrorista da história. As consequências, não só do episódio em si mas de como o governo dos EEUU tratou a questão, ampliaram as tragédias coletivas e pessoais, tanto fora quanto dentro do país. A vingança norte-americana não tardou. Ataques e invasões ao Afeganistão e ao Iraque foram consideradas “inevitáveis”. Mas o olhar para a “culpa do outro” obscureceu o “olhar do cuidado” com seu próprio povo e com os demais povos inocentes. Soldados voltaram das guerras sem pernas, sem braços, sem vida ... em todos os seus sentidos. Bombeiros e socorristas, heróis do 11 de setembro, formam esquecidos e muitos vivem – e morrem – doentes, sobrevivendo de caridades que não vêm do Governo. Quem tiver curiosidade, assista os documentarios “S.O.S. Saúde”, de Michael Moore ou "Never the Same" (Nunca Mais o Mesmo), de Jonathan Levin, ou outros tantos que mostram a dura realidade de muitos “sobreviventes”.
Mas o 11 de setembro também nos remete a outro lamentável episódio da história mundial, ocorrido no ano de 1973, na cidade de Santiago do Chile. Neste dia, o presidente democrata Salvador Allende foi brutalmente deposto por um golpe militar liderado pelo comandante das Forças Armada chilenas, General Augusto Pinochet, apoiado e financiado pela CIA e pelo FBI (instituições do governo norte-americano), que já vinham atuando, primeiro para impedir a eleição de Allende e, depois, para desestabilizar seu goveno, promover sua derrubada e, por fim, para dar suporte ao novo governo do ditador Pinochet pelos 17 anos que se seguiram. A tomada do Palácio de la Moneda, sede do governo nacional chileno, foi uma verdadeira operação de guerra, um autêntico atentado terrorista. Ataques com a utilização de aviões de caças Hawker Haunter e tanques de guerra aniquilaram qualquer possibilidade de defesa. O lider legítimo da Nação, eleito democraticamente, veio à baixa, não antes de resistir, acima de tudo com a arma moral e ética, com o estandarte da libertade de seu povo nas mãos. Em seu último discurso pelo rádio, já debaixo de tiros e bombas, Allende utiliza a “bala” que lhe resta: a esperança. “Saibam que, antes do que se pensa, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor”, finaliza. (leia e ouça o último discurso de Allende: http://www.marxists.org/portugues/allende/1973/09/11.htm).
A esperança tem sido, em ambos os casos, a grande motivadora dos que ficaram para continuar a história. Esperança de superação, esperança de um mundo melhor em que os próximos “11 de setembro” sejam marcos de vida, alegria, liberdade, solidariedade e tudo de bom que se mereça comemorar.